Tradução feita por um ex-membro brasileiro. Vou
contar-lhes minha
história dentro da seita Mahikari. Fui uma adepta
assídua desta seita de
julho de 1986 até dezembro de 1995.
Como a maioria dos membros, entrei por problemas de saúde.
Até 1989,
tudo "estava bem", mas eu não tinha percebido que estava sendo
extremamente manipulada. Eu por exemplo, até havia parado de trabalhar
para ter mais tempo disponível para a seita e melhor seguir os
ensinamentos...
Em outubro de 1988, meu marido teve um problema cardíaco. Consultando
o cardiologista, este durante os exames, disse ao meu marido que ele
teria que ir com urgência a um hospital para fazer exames mais
detalhados e, provavelmente, teria que se submeter a uma cirurgia para
evitar um infarto.
Logo depois de conversar com o médico e antes de ir ao
hospital, nós
fomos com nosso filho de 13 anos ao Mahikari Center of Verviers (Dojo da
Mahikari de Verviers) para nos reunirmos com nossa líder e
consultá-la
para podermos aplicar os ensinamentos de maneira correta. Pois nos é
ensinado que é de suma importância deixar todas as
coisas na mão de Deus
e aceitar Sua vontade!
Durante a entrevista, a senhorita A Krickel desaconselhou-nos ir ao
hospital dizendo que "seria por razões financeiras que os
médicos fariam
os exames". Em breve, meu marido estaria tomando remédios o que seria
prejudicial a sua saúde. "Remédio é
sinônimo de veneno para mente e
corpo".
Então, meu marido não querendo me desapontar na
fé que eu tinha nos
ensinamentos, não foi ao hospital. Mesmo assim, eu tinha
até concordado
com ele de ir, mas estava extremamente amedrontada com as possíveis
conseqüências espirituais.
Nesse momento, aumentei significativamente minhas atividades no dojo
e meses se passaram sem que mencionássemos nada a respeito do problema.
Meu filho tornou-se membro e, quando meu marido não podia ir ao dojo,
eles transmitiam a luz um para o outro.
Mesmo estando preocupada, eu fui ficando convencida de que tudo
estava bem e, como nossa líder disse, Deus estava olhando por
nós e
nada aconteceria.
Em 17 de agosto de 1989 era meu aniversário.
Aproximadamente às
16:00h telefonei para meu marido em seu escritório para lhe propor
algumas coisas para fazermos à noite. Ele me respondeu que estava um
pouco exausto e pensaria nisso quando chegasse em casa.
Ele voltou com nosso filho aproximadamente às 17:45h. Depois de
passar pela porta de entrada, sentiu-se mal deixando cair de suas mãos a
pasta e as flores que trazia. Eu corri até ele, levei-o para a sala de
estar e coloquei-o no sofá. Imediatamente eu telefonei para a nossa
líder para perguntar o que fazer nessa situação.
Ele não conseguia
respirar e não conseguia me dizer o que sentia pois estava sufocado.
Durante o telefonema, ele começou a piorar cada vez mais. Eu
desliguei e foi só então que chamei o médico.
Durante todo o tempo, meu
filho e uma amiga transmitiam-lhe a Luz.
Quando o médico chegou me pediu para chamar uma ambulância e
aplicou-lhe uma injeção para sustentar o
coração e liquefazer seu
sangue. Até esse momento, logo antes da ambulância
chegar, ele olhou
para nós, eu e meu filho, e claramente disse estas palavras:
"É o fim".
Eu não acreditava, porque ele não parou de receber
Luz de três
pessoas ao mesmo tempo. Foi só um desmaio e, com muito amor e ternura,
eu balancei minha cabeça sorri para ele.
Alas morreu assim que chegou ao hospital. O médico disse que se meu
marido tivesse tomado os remédios em tempo, ele certamente estaria vivo.
Nesse momento e muito tempo depois eu achava que o médico estava
enganado, porque minha líder contou-me várias e
várias vezes que, meu
marido morrendo de uma maneira brutal, teria compensado muitos erros de
suas vidas passadas. Agradecendo a esse fato, nossa família teria muitas
felicidades. Eu acreditei nela!
Depois disso, eu me envolvi mais e mais com a Mahikari. Eu ia a todas
as reuniões na Bélgica e Luxemburgo, ajudava em todos
os seminários e
estudos e em todas as cerimônias possíveis (3 por
mês). Eu percebia que
estava negligenciando meu filho que estava ficando completamente de
lado. Ele não acreditava em nenhuma palavra que diziam e queria se
vingar a qualquer custo, considerando que eles haviam "assassinado" seu
pai e que alguém teria que pagar por isso. Nós
não podíamos conversar,
porque eu vivia "em outro mundo" chamado Mahikari e nada mais material.
Anos se passaram não tão felizes e eu sofria muito
com essa situação.
Comecei a me sentir culpada. Pensei ter sido responsável pela morte do
meu marido e passei a ter mais e mais dúvidas a respeito da veracidade
dos ensinamentos.
Em setembro de 1993, infelizmente, eu caí nas escadas do dojo e
quebrei meu braço. A partir daí, a líder
rejeitou-me completamente.
Excluiu-me do grupo de pessoas que cuidam da arrumação
das flores do
altar, me colocou "em quarentena" justamente porque, aos olhos dos
membros, a queda em frente ao altar de Deus significava que eu estava
sendo punida pelo meu mau "Sonen" (sentimento profundo). Além disso, eu
não era um bom exemplo para aquele grupo.
Eu sentia "culpa" sobre alguma coisa (não sabia do que) e
então do
grupo, com muitas dificuldades mas tentando ficar o mais envolvida
possível. Mas meu coração já não
estava mais lá. Tinha medo de morrer,
sentia mais culpa ainda. Além disso, comecei a ter muitas
dúvidas. Meu
filho mais velho me pediu para não mais ficar envolvida, pois, de
qualquer modo, eu ainda estava só para enfrentar os
vários problemas que
tinha. Não recebi nenhuma palavra de conforto nem dos
líderes, nem dos
membros da associação. Longe disso, eles me diziam para
agradecer a Deus
e pedir a Ele para que me mandasse mais "purificações",
como se fosse um
sinal de que Ele estava olhando por minha família e por mim!
No final de 1994, foi constatado que eu provavelmente teria câncer
nos ossos, mas recusando-me a submeter-me a exames, acabei não tendo
certeza sobre isso. Eu não podia mais subir as escadas do dojo ou mesmo
sentir minhas pernas. Ao acordar em uma certa manhã, tive muitas
dificuldades para colocar meus pés no chão.
Então, como eu era a
responsável pelo turno de atividades da manhã,
não estaria mais
capacitada para executar meu "serviço" das 06:30h às
07:00h. Como eu não
podia mais sentir minhas pernas, eu não estaria apta a liderar as
orações de abertura das atividades ou qualquer outra
oração que fosse.
Então, da noite para o dia, sem nenhum aviso, eu fui
substituída.
Após isso, eles fizeram sentir-me culpada o mais que podiam. Eu posso
dizer que eles me jogaram fora como se fosse um "trapo velho" como nós
dizemos em francês.
Devo também incluir minha experiência no campo financeiro.
Quando eu parei de trabalhar, fiquei muito surpresa pois meu chefe
deu seu aval sem problemas. Até o momento, a Mahikari estava restaurando
o Castelo de Ansenbourg em Luxemburgo que se tornaria sede de
orientação
para a Europa e �frica. Uma operação em larga escala!
Como eu não podia participar desta atividade para "Deus"
através do
movimento, eu fui aconselhada a fazer uma importante
doação para os
trabalhos de restauração. Então, para essa
reforma do Castelo de
Ansenbourg, eu doei 150.000 francos belgas (+/- 6000 AUD), 75.000
francos para a sede da Bélgica e 75.000 francos para o dojo de Verviers.
Ao todo, eu doei 300.000 francos (+/- US$ 8.690,00)! (Eu tenho que
admitir aqui que meu marido não concordara completamente comigo, mas
como isso era dinheiro que eu tinha ganhado (!) deixou-me fazer). Isto
foi no início de 1989.
Após a morte de meu marido, fiz consideráveis
"oferendas", pois eu
tinha medo de que ele estivesse sofrendo no "outro mundo". A quantia era
freq�entemente maior que 8000 francos belgas por semana e isto durante
quase um ano.
Em 1991, a administração da tesouraria da empresa
que trabalhava me
reembolsou em 338.000 francos, uma quantia que, imediatamente eu dei à
seita.
Veja que eu só estou mencionando as mais importantes "oferendas" que
fiz. Eu não tenho como avaliar o valor total que gastei com cursos,
viagens, seminários, etc, além das outras oferendas.
Quando meu filho mais velho se casou, tive até que fazer um
empréstimo porque sem realizar isto, não conseguiria
ajudá-lo devido ter
acabado com quase todo o meu capital! Também parei de pagar meu seguro
de vida para resgatar o valor que havia acumulado. Mas isto
não era tão
sério pois não devemos nos apegar a bens materiais, de
qualquer jeito,
os cataclismos estavam para acontecer e eu então, perderia tudo!
Após todas essas experiências infelizes, eu pude
progressivamente
deixar a seita e estava disposta a abandoná-la completamente no final de
1995, auxiliada por minha família.
E como eu saí da seita? Completamente destruída!
Não tinha mais
personalidade, não tinha mais capacidade para distinguir nem verdades
nem mentiras, quem estava certo ou quem estava errado... Sentia-me
culpada por tudo.
Estava extremamente amedrontada, esperando que a ira celestial caísse
sobre minha cabeça! Cada vez que eu tinha algum simples problema
perguntava a mim mesma se eles não estavam certos, se os ensinamentos da
Mahikari eram ou não verdade. Não sabia exatamente onde
eu estava.
Foi aí então que, uma de minhas irmãs
aconselhou-me ir a um
psiquiatra, o qual descobriu que eu estava completamente vazia de
energias e precisava me recuperar. Além disso, me disse que eu tinha
realmente sofrido uma lavagem cerebral antes de ser doutrinada na seita.
O médico então, fez tudo o que pode para trazer de volta minha
serenidade, bem como uma correta visão da vida. Isto era
necessário para
eu encontrar minha personalidade novamente e agir de acordo com meu
próprio desejo. Não foi nada fácil.
O que mais me ajudou foi a ajuda que Fabien e seus pais me deram
quando descobriram a verdade sobre a Mahikari. Esta família
também
trabalhou muito dentro da seita mas tinha visto o balanço. Imediatamente
eu acreditei neles, pois tais pessoas não poderiam estar inventando
coisas. Se eles deixaram a seita, eu estava convencida de que as razões
estavam certas.
Agora, o que eu mais desejo seria fazer alguma coisa para aqueles
que, como eu, tenham sofrido demais e para aqueles que poderiam estar
sendo atraídos pelo "polvo" que a Mahikari realmente é.
Entretanto, a conta dos fatos é bem maior pois teria muito mais para
contar, mas espero que isso tenha ajudado você.