Mahikari Revelada

Por Joel Ribeiro do Prado
Julho de 2010


APRESENTAÇÃO. Meu nome é Joel Ribeiro do Prado, sou natural de São Paulo-SP. Estou determinado a tornar pública a minha experiência de cerca de 20 anos com a seita Mahikari, pois ela, através do seu mecanismo de dominação mental, bloqueou a capacidade de discernir da minha esposa, afastou-a do nosso lar, destruiu o nosso casamento e reprovou a idéia da minha já então ex-companheira de refazer a nossa união, o que ela pretendeu por se sentir insegura sem mim, já que sempre fui um grande amigo que tudo fez para melhorar a vida dela que, quando nos conhecemos, estava severamente afetada sob diversos aspectos pela obsessão em que se transformara a seita. Por mais de uma vez, a Mahikari, em momentos de reaproximação nossa, usou da estratégia de dar a ela atribuições que a obrigavam a ficar mais distante de mim.

A PRIMARIEDADE DOS ENSINAMENTOS. Antes de conhecer o site em que os ex-membros da seita testemunham a verdadeira finalidade dela, eu, para saber o que seria em verdade a Mahikari, que fizera da minha companheira uma marionete, cursei o seminário básico. Nada do que vi me agradou, nem os chamados ensinamentos, que, à exceção das fantasias de autoria própria e de uso exclusivo da seita, não passam de coisas óbvias que qualquer pessoa normodotada sabe ou infere através da observação que pode fazer, sem tal "ajuda", da realidade em que está e estamos todos dentro. Aprisionadas ali, pessoas ingênuas, e, ao que me pareceu, com deficiente estruturação psicológica e insuficiente desenvolvimento do intelecto, deixam-se impressionar até com as orientações primaríssimas ministradas sobre coisas que qualquer criança de dez anos, senão menos, já por certo sabe quando tem uma família normal a cuidar dela. COMO FUNCIONA OU NÃO FUNCIONA UMA MENTE SEQÜESTRADA. A mente humana, mesmo quando perfeita, precisa ser exercitada para não declinar. Sobretudo as decisões substanciais da vida não podem ser delegadas a outrem, sem dano à mente, à personalidade, ao caráter e à auto-estima. A mente, submetida a uma lavagem cerebral, passa a ser dependente de ordens. Ela cede o comando ao agente da mesma lavagem pelos mecanismos nela inseridos. Há conseqüências dramáticas para a saúde mental, pois as células neurônicas têm a sua morte acelerada enquanto a produção de novos neurônios vai se tornando mais e mais lenta, sendo cada vez maior o risco de surgir o mal de Alzheimer. Quem, a cada instante, não se lembra onde pôs isto e aquilo pode estar a caminho da falência memorial. A submissão extrema ao pensamento de outrem lesa o cérebro como o caminhar pouco ou nada compromete as pernas e lesa o vigor físico .

DOMINAÇÃO E CRIME. Há na Mahikari uma notória contradição que só se explica pela dominação que exerce sobre quem a ela se entregue. Quem for à seita ao menos uma vez já ouvirá ali que ir a médico e tratar-se com médicamentos são práticas a se evitar, pois os médicos, segundo lá se incute, visam apenas ganhar dinheiro, assim como os laboratórios farmacêuticos. Sendo isto pregado lá, abertamente, como se explica que médicos a freqüentem e ali prestem serviços até de limpeza de latrinas? Essa concordância tácita de tais médicos com Mahikari que os desqualifica de todo teria de ser objeto de preocupação dos próprios Conselhos Regionais de Medicina, porquanto avilta toda a classe médica. E não só, a Mahikari e os que se tornam ali bonecos de ventríloquos escarnecem de toda a atividade científica mais honesta e, comprovadamente, vitoriosa na busca de resultados positivos para a saúde humana. Assim agindo, a seita e os que a seguem nesse desiderato de fazer da imposição das mãos não menos do que uma panacéia, o que ela está muito, mas muito longe de poder ser, ultrapassam todos os limites da prudência e se colocam ao alcance das penas prevista no Código Penal Brasileiro para os que incorram em crime de curandeirismo. Qualquer crença, qualquer, mesmo, que um ser humano desenvolva em si para minorar os seus males, sejam quais forem esses males, pode ativar uma energia positiva, que todos temos em estado latente, capaz de não só amparar-nos psicologicamente, mas também, muitas vezes, capaz de reverter um estado, seja de saúde ou não, chegando até a restabelecer a normalidade. Minha esposa, ingenuamente, muitas vezes fez da própria casa uma base de curandeirismo. Certa vez, estando separado dela, recebi um seu chamado telefônico, aflito, para que fosse, urgentemente, à sua casa, pois lá havia, passando muito mal, um cidadão que, bastante afetado por um derrame cerebral, substituíra pela imposição das mãos os médicamentos que lhe haviam sido prescritos pelo seu médico. Felizmente, ele se refez daquele mal súbito na casa dela e eu o levei à residência dele. O detalhe: a esposa daquele homem era contrária à troca dos médicamentos pelo okiyome. Pergunto: Se aquele senhor falecesse na casa da minha ex-esposa, a Mahikari arcaria com as despesas advocatícias para que ela se defendesse da acusação de curandeirismo, caso a mulher dele propusesse uma ação judicial? Não creio que a seita assumisse tal obrigação, pois seria o mesmo que reconhecer-se co-autora do crime.

Vale a pena conhecer o que diz a Lei:

"O curandeirismo, segundo previsto no Código Penal Brasileiro, é a prática de prescrever, ministrar ou aplicar, habitualmente, qualquer substância, bem como usar gestos, palavras ou qualquer outro meio (não inserido na prática médica) para cura ou fazer diagnósticos sem ter habilitação médica.

No Brasil, está previsto no artigo 284 do Código Penal Brasileiro. Curandeirismo
Art. 284 - Exercer o curandeirismo:
I - prescrevendo, ministrando ou aplicando, habitualmente, qualquer substância;
II - usando gestos, palavras ou qualquer outro meio;
III - fazendo diagnósticos:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
Parágrafo único - Se o crime é praticado mediante remuneração, o agente fica também sujeito à multa"

VOLUBILIDADE E INGRATIDÃO - As mudanças de ânimo da minha ex-mulher são freqüentes, daí ter ela se casado comigo duas vezes e de mim se divorciado outras tantas. Jamais mudou de atitude por mim, mesmo sendo eu quem, efetiva e concretamente, a amparou no momento mais crucial da sua vida, quando ela estava despojada de condições materiais mínimas e, embora sendo professora de português com nível universitário, dependendo da venda unitária de camisetas que ia de ônibus buscar em Petrópolis, cidade distante de São Paulo cerca de 500 km. A primeira ajuda foi dando-lhe passagens aéreas para ir à Petrópolis e voltar. A segunda, foi comprando todas as camisetas que de lá ela trouxera. Passada a fase mais romântica do nosso relacionamento, que foi a única em que eu, que sou de carne e osso, consegui que ela me desse mais atenção do que à ficcional sacralidade da Mahikari e dos seus aparelhos de agrilhoamento, ela, já como minha companheira, e diante de uma rotina de vida mais doméstica a que nunca se submetera nem por ela e nem por ninguém, foi pouco a pouco internando-se outra vez naquela instituição de que foi tornada marionete.

Em janeiro de 2009, essa pessoa que a Mahikari desconstruiu e tornou volúvel em suas relações afetivas de natureza mais nobre, que são as relações afetivas com a família, me pediu para recebê-la em minha casa, pois precisava falar comigo. Como sou um ser humano pleno, que jamais se submeteu à dominação dos que praticam a falsidade ideológica dizendo-se amigos mais próximos de Deus e por Ele nomeados administradores na Terra até das energias cósmicas – quanta falta de respeito para com o Senhor! - como sou, como dizia, alguém que não precisa recorrer a pseudo-orientadores para fazer as próprias escolhas, recebi-a minutos depois. Ela viera até mim pra pedir que retomássemos a nossa vida em comum, pois se sentia insegura sem a minha companhia. Se foi verdadeira no que me disse ou se veio por orientação maquiavélica da seita, eu não sei e nem me interessa saber. Agi mais uma vez de modo cristão e, para recolocá-la, sem restrições de qualquer tipo, no meu ambiente familiar, composto por mim, pelos meus filhos e outros parentes próximos, eu dei tudo de mim em capacidade de argumentar, o que pode ser atestado pela leitura de uma carta que enderecei a tais filhos, e que a seguir reproduzo:

A CARTA QUE ESCREVI AOS MEUS FILHOS

"Filhos,

Estou sob os efeitos cumulativos desse esgarçamento nas relações mais importantes. Quando peço aos meus filhos que me ajudem a construir um espaço de convivência pacífica e sem proibição de entrada a quem, estreante ou retornante em busca de redenção, queira estar entre nós por ter vínculos afetivos com o grupo ou com alguém dele, faço este pedido por gostar muito de todos vocês e não achar que valha a pena seguir em frente levando por mais tempo esse desconforto existencial. É isso aí! Temos de ser honestos e objetivos. Abrir o jogo entre todos nós garante que não vai ficar com cara de intriguinha.

Eu tenho tentado unir os meus filhos desde sempre, mas o que impediu foi essa atitude de guardar mágoas como se fossem troféus. Quando até entre os irmãos as diferenças se tornam insuperáveis, a alma está doente, precisando nutrir-se - de verdade e não só teoricamente - de algumas das seivas que já nos livros sagrados são prescritas aos que tenham o propósito de crescer espiritualmente.

Os renitentes cultivadores de ressentimentos tiram de foco os valores principais que estão sendo destruídos e tergiversam trazendo coisinhas miúdas como se fossem as únicas "bobagens" que a sua intransigência afetaria ...

Tenho certeza de que na minha vida disse muito poucos nãos, especialmente em situações onde devesse, pela importância do que me era pedido para a pessoa que pedia, colocar a minha humanidade acima da animalidade irracional ou da minha arrogância intelectual ...

Ou a gente se desarma e deixa de arrastar pequenos desentendimentos pela vida afora, ou todos nós vamos ficar neste inferno onde eu sou visto como um qualquer cujos sentimentos não interessam e cujos apelos de paz são tratados analiticamente e com a tecnicidade da estratégia bélica.

Nós somos o alto-comando do nosso destino familiar e pessoal. Entre nós, temos de tratar das questões em reunião geral e não através de diálogos excludentes de qualquer dos seus membros. Os e-mails devem ser endereçados a todos. De outro modo, virará intriga.

Um beijo

Seu pai

Joel Ribeiro do Prado
06/04/09"

Casados outra vez, estivemos em grande festa familiar dada por uma de minhas filhas. Depois, passamos o Natal e o Ano Novo no Rio de Janeiro, hospedados pela mesma filha. Mal chegados à nossa casa, minha outra-vez-esposa foi visitar uma filha dela em Ribeirão Preto, lá ficando por pouco mais de uma semana, tempo suficiente para que sentisse saudade de mim como confidenciou num telefonema. Parecia, então, que ela realmente reconquistara em boa parte o seu tão proclamado livre arbítrio. Ledo engano! Voltando de Ribeirão Preto, logo estava ela às voltas com as suas novas incumbências determinadas pela Mahikari - seita sempre atenta ao que lhe possa ser concorrente - voltando, então, a só aparecer em nossa casa para dormir. Naturalmente insatisfeito, perdi a vontade de falar com ela. Para não sucumbir de vez, mudei de foco e passei a escrever mais do que nunca; mais vezes para homenagear pessoas que verdadeiramente, e até sem o saber, me ajudaram a suportar mais esta crueldade de alguém que me disse, antes de ir embora outra vez, que aquilo que ela recebeu de mim agradecia à Mahikari, por entender que foi a seita que me colocou no caminho dela (!).

Como, neste epílogo, acabei conquistando vários amigos, ao me distrair fazendo até poemas para alguns deles, além de receber um convite para compor em parceria com um grande músico, talvez, se ainda carregasse um grilhão no meu pescoço, eu também agradecesse à Mahikari por ter levado a minha ingrata ex-mulher embora outra vez. Mas eu não sou volúvel e nem alimento idéias fantasiosas sobre possíveis atalhos para alcançar o Paraíso ou uma imaginária enésima dimensão já loteada por grileiros disfarçados de doutrinadores ou sob a mira de inescrupulosos invasores - os SEM-DEUS – que, como em outro depoimento neste site já se viu, são capazes até de matar, como os SEM-TERRA, para se apropriar daquilo a que não fazem jus pela sua real dimensão espiritual.

Cada um dá valor ao que quer. Há os que, detendo todos os rótulos vendidos por uma seita, que sentencia serem de arriscada oferta a piedade e qualquer ajuda que concorra com o okiyome, iludem-se a si mesmos ao se acreditarem especialmente ricos por carregar um grilhão ao pescoço, uma pedra de gelo no coração e serem "livres" como um pássaro de viveiro.

Muito escrevi, tanto em prosa como em verso, sobre essa longa experiência com a dominação cruel de um ente querido pela Mahikari. A CRUELDADE DAS TOURADAS eu escrevi depois de ouvir da minha esposa, às vésperas de um evento da Mahikari no Brasil, para o qual vieram pessoas de várias partes do mundo, que esse afluxo de adeptos provava a seriedade da seita. OBSESSÃO eu escrevi inspirado na atitude dela, subestimando tudo que pudesse concorrer com a seita no emprego da sua atenção. LAVAGEM CEREBRAL eu escrevi inspirado pela mesma situação e este artigo meu foi publicado numa revista chamada INFOGENTE. SELF-SERVICE DA FÉ E DOS PERDÕES e A ESPIRALADA EVOLUÇÃO DA VIDA também foram trabalhos inspirados na Mahikari. Tudo o que escrevi está num site chamado Usina de Letras.

Descupem-me por dizer tanto, mas isto já é uma síntese de 20 amargos anos de uma vida (ou de duas...)

Joel Ribeiro do Prado

 
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